Pós-eleição: a mídia em desserviço da sociedade

Texto de 22/02/2017
Por: Regiane Souza Neves

Este texto faz parte do livro: 
SOUZA NEVES, Regiane. A voz e a vez das mulheres na política: Conhecer para Transformar. Clube de Autores. 1ª edição. São Paulo, 2018

Com a abertura da internet em todo o mundo, este veículo tornou-se um dos mais importantes para um gabinete legislativo ou executivo. E você vai concordar comigo que com a ajuda das mídias sociais de rede podemos fiscalizar e cobrar muito mais do que se fazia antigamente. A administração pública por outro lado, também utiliza desta ferramenta, ou seja da mídia social, para administrar um bom banco de dados, obter notícias e fatos que possam ajudar nas decisões, além de enviar orientações para todos os colaboradores em tempo real. Muitos políticos aproveitam para transmitir para um grande número de eleitores exatamente o que se quer que acreditem, pois ainda subestimam a nossa capacidade de desqualificação de suas ações.

O marketing pós-eleitoral é uma prática bastante recorrente em tempos atuais. O eleitorado está cada vez mais exigente em relação às promessas de campanha dos candidatos, em geral. 

O fato é que quando termina a eleição, começa a corrida pós-eleitoral. Num primeiro momento pode parecer estranho, já que ganharam a eleição e teoricamente a próxima ainda vai demorar a acontecer. 

Para manter a proximidade na relação entre candidato e eleitor, devem ser feitas visitas, comícios, reuniões com os líderes da comunidade etc. 

Somente esta proximidade com o eleitor proporcionará aos eleitos acompanhar as mudanças no cenário político que vão se tornar temáticas nas eleições seguintes e durante seus quatro anos de mandato. 

Um dos grandes equívocos da maioria é achar que seus eleitores não guardam as promessas de campanha. De quatro em quatro anos o eleitor se vinga do voto que deu na eleição anterior. E esta é a melhor parte. Pois, o eleitorado há tempos deixou de ignorar os descasos principalmente com relação aos gastos públicos e a corrupção.

Pesquisas apontam que nas últimas eleições municipais, dados de 2012, apenas 42% dos Prefeitos em condições de reeleição conseguiram a vitória, ou seja, 68% dos Prefeitos que pleitearam a reeleição, não conseguiram. Quando a estatística passa ao legislativo então, a porcentagem de reeleitos é ainda menor.

É preciso ressaltar que o candidato vive da imagem de político confiável e com credibilidade, este é todo o diferencial que se procura. Por isso, já é praxe a contratação de mídias locais para um desserviço social, onde são veiculadas apenas notícias positivas sobre o político e seu mandato. Não que não se possa elogiar quando realmente mereça, mas a verdade deve sempre prevalecer.

A fase de pós-eleição, deve ser concebida, portanto, como um meio pelo qual o político promova o bem estar e o desenvolvimento de seus eleitores e não como meio de enganá-los. É de extrema importância que se tenha em mente que se valendo de todas as ferramentas de que dispõe, ainda terá de ter a confiança do eleitorado pelas suas ações concretas e não apenas como um meio de "fazer bonito", "encenação" e ludibriamento do povo através de redes sociais com fotos, vídeos e ações inacabadas apenas para tirar foto como um ator estrelando um filme. Sem esta confiança, não há instrumento que garanta o sucesso do seu mandato e muito menos sua reeleição. 

Atualmente, é normal os governos, sejam eles em que esfera governativa estiverem, fazerem uso de profissionais ou empresas contratadas para "vasculhar" contas de facebook, entre outros meios que "falam mal" da gestão, que tem necessidades com os serviços públicos e por isso acabam fazendo reclamações, pela falta do serviço que deveria ser ofertado e não é. Enfim, estas pessoas ou empresas, passam o dia "caçando" assunto ou tentando resolver problemas de eleitores através das redes. Não tiro a importância da rede social para aproximar políticos e eleitores, muito pelo contrário, é de extrema importância e necessidade para que através dela se possa conhecer realidades e necessidades do povo, identificar falhas na gestão e onde devem ser aplicados esforços, além de verificar as denuncias dos eleitores e trabalhar em prol de sua verificação e resolução.  Mas, os gestores esquecem que se através disso estiverem resolvendo "problemas particulares" de eleitores, pode caracterizar compra de votos, pode caracterizar corrupção, pode caracterizar uma ação inconstitucional.    

Outros métodos, não muito convencionais, mas que podem estar sendo utilizados nas mídias, são aqueles usados por pessoas que aparentemente estariam "brigando", se desentendendo com relação as ações do político, mas não se enganem estas pessoas estão ali de forma proposital para desviar o foco das postagens. Inclusive, pessoas sempre ligadas aos políticos, em grupos de facebook, whatsapp etc, quando veem que há alguma postagem contra o mandato do político ou algo que o desabone, acabam postando notícias, imagens entre outras informações que não tem nada a ver com relação aos assuntos ali tratados. 

Todo político precisa manter a sua popularidade em alta e sua rejeição sempre em baixa. Em poucas palavras é um trabalho de preparação a médio e longo prazo com os eleitores. Muitas vezes, acaba perdendo a confiança do eleitorado por contratação irresponsável, por equipes que não conhecem seus deveres e não sabem definir uma postura profissional a altura de determinados cargos, por pessoas que por motivos sabe-se lá quais conseguem posições no governo que não tem exatamente o perfil desejável para tal função. Além, é claro, que basicamente se o político não cumprir com sua principal proposta de governo, aquela que é utilizada como slogan de campanha e fizer exatamente o oposto ao que propôs, o eleitorado sente-se liderado pelo "lobo em pele de carneiro". E o que não poderia faltar neste texto, são as suas alianças, coligações e "apadrinhamentos" políticos que podem fazê-lo sair definitivamente do rumo do tão almejado empoderamento.


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