As palavras são: SORORIDADE X WOLLYING



E de repente, nos vemos falando nessa tal SORORIDADE!

Pra saber...
 "Sororidade é a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. O conceito da sororidade está fortemente presente no feminismo, sendo definido como um aspecto de dimensão ética, política e prática deste movimento de igualdade entre os gêneros. Do ponto de vista do feminismo, a sororidade consiste no não julgamento prévio entre as próprias mulheres que, na maioria das vezes, ajudam a fortalecer estereótipos preconceituosos criados por uma sociedade machista e patriarcal. A sororidade é um dos principais alicerces do feminismo, pois sem a ideia de “irmandade” entre as mulheres, o movimento não conseguiria ganhar proporções significativas para impor as suas reivindicações. A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. Este termo pode ser considerado a versão feminina da fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer 'irmão'."

É claro que há irmandande entre as mulheres, nós nos ajudamos, nós nos defendemos, nós temos empatia umas pelas outras.

SORORIDADE: a palavra até que soa foneticamente bonita e de um significado representativo, que veio para quebrar a rivalidade entre as mulheres. Mas, vamos falar a verdade? A sororidade é seletiva!

Pois, diante da sororidade também nos deparamos com outra palavra que é praticamente o seu inverso: o WOLLYING.

Que mulher ao longo de sua vida não se sentiu alguma vez alvo de críticas de outras mulheres? E quem já não fez parte alguma vez de uma conversa em que se acusava uma delas de algum rumor, ou se ridicularizava a alguma mulher pelo seu aspecto físico? O maltrato psicológico às mulheres por parte de outras mulheres tem até mesmo nome: wollying. É a soma de dois conceitos: woman (mulher em inglês) e bullying, e se pesquisa sobre isso há mais de 10 anos.

O wollying, dependendo do nível e da problemática pode ser enquadrado em diversas leis que protegem a vítima, uma delas é o de intimidação vexatória:
Intimidar, ameaçar, constranger, ofender, castigar, submeter, ridicularizar, difamar, injuriar, caluniar ou expor pessoa a constrangimento físico ou moral, de forma reiterada. Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.

Falamos sempre sobre a problemática machista, o quanto esta cultura do patriarcado tem impedido as mulheres de ocuparem seus lugares equiparados aos homens. No entanto, se faz necessário reforçarmos a questão da rivalidade feminina. Sempre que posso, falo sobre este assunto, pois principalmente esta rivalidade acontece em espaços de poder, entre mulheres. Seja na família, na igreja, no trabalho, na política...

Outro fator é o boicote. "Uma sobe e puxa a outra", só se for o tapete!

Sim, isso acontece, eu sou mulher e sei o que enfrento e vejo outras mulheres enfrentando nas relações corporativas, políticas e sociais, por aí, entre nós mesmas. Presencio o sofrimento de muitas mulheres por causa da rivalidade. Não é nada fácil conseguir realmente conquistar a  tal "irmandade", justamente porque umas não entendem as outras, umas não tem empatia pelas outras e isso nos torna longe, muito longe, de alcançarmos este nível tão evoluído de consciência.

Na política, mulheres de esquerda odeiam as de direita e vice-versa. Nos movimentos sociais, incluindo os feministas, a segregação é tão visível e brutal com relação a raça, cor, etnia, nível social que muitas vezes pensei em deixar de lado minha militância pelo empoderamento feminino.

Vemos diariamente, mulheres se atacando pelas redes sociais pelo fato de discordarem umas das outras. E quem disse que não podemos nos unir em prol de um sentimento de pertencimento a determinado ambiente mesmo que nossas ideias sejam divergentes? A pluralidade de ideias é o que nos mantem seguindo adiante, em constante crescimento intelectual e social.

Nós falamos tanto sobre questões de gênero e continuamos reforçando os comportamentos que queremos combater, sendo o principal deles a ignorância.

Aliás, vale refletirmos sobre o feminismo que praticamos, se ele empoderar e der a voz à algumas mulheres enquanto oprime e cala outras, sinto dizer, mas ele também não tem relevância. O feminismo também é opressor, também é perigoso e violento quando ataca o direito de outra mulher escolher sua conduta, seu caminho, sua família, sua religião, seu lado político.

Quando é que finalmente as mulheres estarão prontas para resgatar outras mulheres que vivem uma situação de machismo e discriminação nas relações de liderança? Quando realmente as mulheres deixarão de lado sua condição opressora ou de rivalidade com relação às outras mulheres em posições diferentes e até mesmo semelhantes, para criarem a "irmandade" e lutarem todas do mesmo lado? Infelizmente, neste caso, a tal SORORIDADE está muito longe de fazer sentido.

Não se esqueça, respeitar uma opinião diferente da sua não significa ser obrigado a concordar com ela. Só não tem condições de compreender isso, quem ainda não alcançou maturidade suficiente para tanto.


Para usar como referência: 

Souza Neves, Regiane. As palavras são: SORORIDADE X WOLLYING. Artigo escrito para pós-graduação em Ciências Políticas da Universidade Cândido Mendes. São Paulo: 2018.


Prof. Drª Regiane Souza Neves

- presidente nacional da Associação Brasileira de Profissionais e Especialistas em Educação (ABRAPEE). 

- sócia-proprietária e diretora do Centro de Estudos Avançados em Desenvolvimento Educacional e Humano (CEADEH).

- doutora e mestra em Saúde Mental; especialista em educação, saúde, ciências políticas, ciências sociais, gestão pública, gerenciamento de cidades e planejamento urbano; neuropsicóloga; neuropsicopedagoga; psicanalista; psicomotricista; psicopedagoga e pedagoga.

- perita judicial no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.


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