Mas por que é que a cidadania das mulheres tem revelado ser um problema?



Não há nenhuma resposta simples para explicar por que razão os obstáculos são tão difíceis de ultrapassar. Tem sido mais fácil concretizar reformas jurídicas e políticas – embora ainda haja um longo caminho a percorrer em termos globais – do que mudanças nas práticas sociais, nas crenças e atitudes e nas concepções de masculinidade e feminilidade. Mas isto não é grande surpresa, pois o que está em causa são questões de poder e privilégio, de dominação e subordinação. Quem tem poder jamais deseja ceder a sua posição, especialmente quando, como no caso do poder masculino, se estende à vida cotidiana e familiar e às áreas mais íntimas da individualidade, permitindo que cada homem tenha uma parcela, por muito pequena que seja dos privilégios da masculinidade.

Para ilustrar o problema, consideremos o direito de voto, esse símbolo da cidadania, bem como o direito a ser eleita ou eleito. Hoje em dia, o sufrágio universal é visto como necessário para a formação de um governo legítimo, mas esquece‑se a longuíssima luta que foi preciso travar para obter o voto para as mulheres.

Mas se o sufrágio é em geral incontroverso, já o mesmo não pode dizer‑se relativamente à eleição de mulheres para cargos públicos e à sua participação em órgãos de decisão. Os deputados (homens) ainda as veem com hostilidade ou como uma anedota (sexista) projetos relacionados aos direitos das mulheres. Os números reportados em 2007 mostram que a percentagem média de mulheres nas legislaturas de todo o mundo era ainda só 17,2%, mas há uma grande variação de país para país. As mulheres têm geralmente uma representação maior em câmaras municipais e órgãos semelhantes, mas este fato tem‑se verificado desde o século XIX. A tomada de decisões a nível local é mais facilmente vista como um campo apropriado para a ação das mulheres do que a arena nacional.

As mulheres têm cumprido funções politicas desde a década de 1960, mas os homens ainda monopolizam as posições de autoridade, quer seja nas legislaturas ou nos governos (quando se fazem fotografias, a imagem é tipicamente de homens estadistas), quer seja nas instituições econômicas, militares e judiciais ou nas universidades.

Um dos maiores problemas para que as mulheres ocupem cargos de poder na política, muitas vezes está relacionado com a falta de entendimento sobre a questão da estrutura governamental e política, sendo também prejudicadas pela falta de compreensão referente as leis e seus direitos enquanto cidadãs. 


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Para usar como referência:

SOUZA NEVES, Regiane. A voz e a vez das mulheres na política: Conhecer para Transformar. Clube de Autores. 2ª edição. São Paulo, 2022. ISBN: 978-65-5392-366-9




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